os serões eram estranhamente mornos, dourados.
ficava à porta da sala, sem entrar, a ver as guitarras, o fumo do cigarro do pai, as vozes arrastadas numa língua estranha, a mãe de costas, cantando também mas mais baixo, isto um mundo onde ainda não conseguia entrar.
encostado à ombreira, quase espreitando, sentia uma espécie de vergonha em vê-los tão despreocupados a cantar, os seus troncos balançando devagar, sobre a mesa alguns pratos e talheres, água e bebidas, guardanapos deixados ao acaso e as guitarras continuando devagar, parando, alguns risos, conversas sossegadas - e mesmo que não o fosse, seria sempre Verão porque eram noites aquecidas por dentro.
tudo no lugar certo.
e voltava para o quarto, devagar pelo curto corredor, para que a música durasse mais.