quarta-feira, 13 de julho de 2011

#8



os serões eram estranhamente mornos, dourados.
ficava à porta da sala, sem entrar, a ver as guitarras, o fumo do cigarro do pai, as vozes arrastadas numa língua estranha, a mãe de costas, cantando também mas mais baixo, isto um mundo onde ainda não conseguia entrar.
encostado à ombreira, quase espreitando, sentia uma espécie de vergonha em vê-los tão despreocupados a cantar, os seus troncos balançando devagar, sobre a mesa alguns pratos e talheres, água e bebidas, guardanapos deixados ao acaso e as guitarras continuando devagar, parando, alguns risos, conversas sossegadas - e mesmo que não o fosse, seria sempre Verão porque eram noites aquecidas por dentro.
tudo no lugar certo.
e voltava para o quarto, devagar pelo curto corredor, para que a música durasse mais.



1 comentário:

  1. Célia Silveira Santos13 de julho de 2011 às 21:14

    É sempre bom recordar pedaços bons das nossas vidas,amigos que nos faziam sonhar,risos de crianças cheios de vida e alegria.Estes serões ficarão eternamente na nossa memória e no nosso coração.Obrigado pelas memórias,Um beijo.

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